Tem um vizinho escutando “Thriller” do Michael Jackson no último volume neste momento, impossibilitando que o The Kills cante sossegado no meu ouvido. Os zumbis do homem do nerver land venceram. Vou continuar ao som de Thriller.
Ontem fui assistir ao espetáculo Cova Rasa, dirigido por Luiz Furlanetto, no teatro do CCBB. Tive um compromisso por aquelas bandas do centro da cidade e o horário favorecia. Fui sozinha. Às vezes gosto de caminhar sozinha pelas ruas do centro. Gosto muito deste filme, da direção do Danny Boyle, do roteiro de John Hodge, então era um programa perfeito para encerrar meu dia.
A cova era rasa mesmo, mas achei a adaptação interessante. No teatro todo escuro, sem conseguir enxergar um palmo diante do nariz, uma narração introdutória ao som de System of a down. Tem Franz Ferdinand também entre outras coisas novas. A dinâmica da peça é muito boa. A velocidade. A rapidez e os cortes da ação me pareceram eficazes. A peça tem aquele ritmo de vídeo clip. A mulher sentada ao meu lado vestindo um casaquinho canelado rosa chá, evidenciava o desconforto diante da peça quando começou a enroscar a barra do casaquinho, cruzando e descruzando as pernas, tombando a cabeça pra lá e pra cá. Era evidente seu equívoco. A peça é muito alternativa e violenta como o filme. Ela deve ter lido na revista Caras a indicação da atriz Cristiane Torloni e foi assistir, já que o filho da atriz faz o papel que foi do Ewan McGregor.
Ontem fui assistir ao espetáculo Cova Rasa, dirigido por Luiz Furlanetto, no teatro do CCBB. Tive um compromisso por aquelas bandas do centro da cidade e o horário favorecia. Fui sozinha. Às vezes gosto de caminhar sozinha pelas ruas do centro. Gosto muito deste filme, da direção do Danny Boyle, do roteiro de John Hodge, então era um programa perfeito para encerrar meu dia.
A cova era rasa mesmo, mas achei a adaptação interessante. No teatro todo escuro, sem conseguir enxergar um palmo diante do nariz, uma narração introdutória ao som de System of a down. Tem Franz Ferdinand também entre outras coisas novas. A dinâmica da peça é muito boa. A velocidade. A rapidez e os cortes da ação me pareceram eficazes. A peça tem aquele ritmo de vídeo clip. A mulher sentada ao meu lado vestindo um casaquinho canelado rosa chá, evidenciava o desconforto diante da peça quando começou a enroscar a barra do casaquinho, cruzando e descruzando as pernas, tombando a cabeça pra lá e pra cá. Era evidente seu equívoco. A peça é muito alternativa e violenta como o filme. Ela deve ter lido na revista Caras a indicação da atriz Cristiane Torloni e foi assistir, já que o filho da atriz faz o papel que foi do Ewan McGregor.
E a platéia ri. Ri da violência. Não todos, não gosto de bandidos com cara de bandidos, esse tipo pré-fabricado. Odeio. Palavra. Como em meu livro, “A Guerra dos Bastardos”, sabe lá Deus quando sairá, tem muita violência, chequei e verifiquei que gosto cada vez menos desse estereótipos. No livro eu saio pela tangente, percorro outros limites e trato dos “delinqüentes” de modo humanizado. Vou cavando um fosso até encontrar um lamaçal de memórias e sentimentos. Uma espécie de mangue da alma, no meu, os siris têm pele de cobra.
No filme, o desespero do personagem que esquarteja o corpo, a evolução desse drama é muito melhor. Na peça a coisa é rasa, assim como a cova. Faltou aquela tensão, a dramaticidade que há no filme, beirando a loucura. Isso também é raso. No filme, a trama segue para um suspense terrível, ninguém confia em ninguém, sente-se no ar que um apunhalará o outro a qualquer instante, a desconfiança mais evidente. Essa sutileza faltou.
O final é a pior parte da peça. Ficou estranho. No filme, Ewan Mcgregor termina ferido, porém com todo o dinheiro, e mesmo assim, ele cai na gargalhada e pow! termina. É o toque final do humor negro.
Na peça, o ator geme e depois parece ter morrido. Se eu não conhecesse a história, acreditaria que ele morreu. Com toda certeza a mulher do casaquinho rosa chá acreditou que ele morreu. Pra ela a história será assim: “Bem, é uma peça em que primeiro as pessoas são esquartejadas e depois os responsáveis pelos esquartejamentos também morrem e a única mulher da história, uma médica promiscua e que dormia com seus dois colegas de apartamento foge para o Rio de janeiro. Ao menos ela comprou uma passagem pra cá”.
Faço essas ressalvas, porém eu gostei da peça. (Felipe Sadi, não deixe de assistir, caso haja temporada aí em São Paulo, você vai gostar)
Bem, saí do teatro e no elevador espremido me deu engulhos o cheiro da americana ao meu lado. Era cheiro de peixe e maconha. E ela dizia “I love you” no telefone e tinha cara de mexicana. Como fedia aquela mulher, putz grila. Parece que havia acabado de sair de uma cova, pensando bem, todos nós havíamos saído da cova. Mas ela fedia mais.
E fica aqui mais um trechinho do livro. Se eu continuar assim, vou publicá-lo inteirinho no blog. Um livro-mosaico.
“Prende a respiração e controla a ânsia de vômito ao ouvir um marulhar leve, as águas moverem-se. Ela avança pelo corredor e diante da porta do banheiro, Elvis olha fixo para o teto, com lágrimas nos olhos recitando baixinho alguns versos. Não é hora para assistir a própria vida, insistir em ponderações; apenas purificar-se. Não há muita coisa para fazer quando se espera pela morte, e aquela água morna limparia seu corpo e os versos seu coração”.
[A Guerra dos Bastardos _ ana paula maia] _ inédito
*That´s all folks*
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