terça-feira, novembro 20, 2007

Uivos, zumbis e pequenos terremotos.

Voltei da Balada Literária que aconteceu em São Paulo. A Balada aconteceu entre os bairros de Pinheiros e Vila Madalena. Eu ia a pé de um local a outro, e pude aproveitar bastante o evento pelo tempo que fiquei em Sampa.
A mesa da qual participei foi um tanto acalorada... só não foi mais, por educação. Gostei da mesa, do debate e principalmente das palavras de Xico Sá acerca de meus textos. Eita! Emocionei. Valeu Xico :)

Acalorada?

Hum...
De longe, percebia-se que Ferréz e eu não nos entrosamos. Isto ficou evidente. Nossos discursos são diferentes. E eu não imaginei isto até o debate começar. Somos MUITO diferentes, e acho que ele não foi muito com a minha postura.

Putz... eu também cheguei a dizer que meus traficantes são italianos e que nunca subi em uma favela. É claro que olho para margem da cidade, mas isto não me torna marginal. Nem de longe. Escrevo para ter liberdade. Não para fazer política. Isto é uma postura que cada um assume. Quero falar de abatedores de porcos (Entre rinhas de cachorros e porcos abatidos), traficantes italianos(A Guerra dos Bastardos), e adolescentes burgueses (O Habitante das Falhas Subterrâneas)com a mesma verve.

Minha postura diante da literatura é:

"Deixe-me livre para reproduzir os sons a minha volta. Quero poder destilar sabores acerca do personagem e sua condição... seja essa condição qualquer uma, desde que me cause um pequeno terremoto."

Pensando acerca disto, é a forma que escolhi de fazer literatura, e esta é honesta com as histórias que conto.


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Pulando de assunto
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Noite retrasada sonhei que matava zumbis. Talvez alguma relação com a consciência negra - Zumbis dos Palmares. Antes fosse - os meus zumbis eram sangrentos. Tudo foi muito desagradável, pois eu acreditei mesmo naquele sonho. Ainda me lembro de um dos zumbis que mais me deu trabalho de matar... e durante todo o tempo, tudo o que eu queria era não me tornar um deles. Não gosto de pesadelos... mas eles vêm sem pedir permissão. Andei um pouco acelerada nos últimos dias, isto pode acarretar distúrbios no sonho (e não no sono).
Noite passada sonhei com jacarés, porcos e outros bichos que se materializavam em toda parte. Também foi desagradável.

Recebi por email um curto poema de uma leitora do blog que escreveu para mim. E estranhamente, me lembra os passos e uivos dos mortos-vivos que me perseguiam na outra noite.


"MAIA

Isso vem dos uivos calados,
Dos pensamentos parados
Para não assustar os braços
E os passos.
Um personagem que quer paisagem
Para os gestos ríspidos e para os gritos soltos.

Não falo de loucos disfarçados, se sabe."


*That´s all folks*

2 comentários:

Aldo Jr. disse...

Eu respeito o Férrez... mas esse papo de favela, de traficante, de "periferia" ou de "marginalidade" que ele "defende" cansa... parece balela.
Parece "vou dizer pra polemizar"... sei lá. Prefiro as palavras do Mano Brow... são mais diretas e não soam como balela.

E qto a tua visão de literatura, nem tenho o que dizer. Adoro os textos, os livros, o modo que vc escreve... tudo! Parabéns...

Pena só ter ficado sabendo da Balada um dia depois do evento... pena.

Ana Paula Maia disse...

Sim, Aldo. Tentar polemizar cansa. E quanto a balada... puxa... fica pra próxima então. Vou avisar sobre os eventos com mais antecedência.
No mais, muito obrigada pela falta de palavras quanto aos meus textos. :)

abçs,
ana paula.