segunda-feira, março 17, 2008

Nada é.

Venho pensando nos últimos tempos e chego a conclusão de que não somos de nós mesmos. Nossas opiniões são filtradas, selecionadas e monitoradas. O filho não é dos pais. A casa, o carro, entre outros bens não são nossos.

Você não pode sempre decidir. Você precisa seguir um estatuto. Seja do menor, do idoso, ou o que for.

Você não pode decidir se quer morrer caso esteja num leito de hospital de modo vegetativo ou não. Nem sua família.

A especulação sobre células tronco embrionárias discutem se a forma de vida dessas células podem ou não ser interrompidas. O que uma mulher carregada fecundado dentro dela não é dela. E se essa vida é interrompida propositalmente, ela é culpada.

O que você carrega dentro de você, não é seu.

Seus filhos não são seus.

Sua liberdade não é sua.

Tudo o que você possuiu nesta vida não é seu.

Suas decisões devem ser cautelosas.

Você não é seu e não tem poder algum sobre você mesmo.

Não é uma descoberta tardia, e sim, uma especulação tardia. Vivemos desse modo achando que somos nosso, porém nada é.

Tenho pensado no que pode de fato ser meu... acho que só os pensamentos talvez, pois são silenciosos e confabulam em segredo.


*That´s all folks*



3 comentários:

Diogo Costa disse...

É por aí mesmo... e se pensar, em teoria que, há sugestões "invisíveis"; espíritos; aí que tamos fudidos; é um bombardeio no "ouvido". Num livro que achei, de contos, de Rilke, fiquei surpreso com a ligação dele com o espiritismo, postei no meu blog uns trechos dos contos dele.
A impressão de que acabavam de abrir a porta arrancou-o ao seu devaneio e aterrorizou-o. Sobressaltou-se e, com um olhar velado, longíquo, passou rapidamente os olhos pelo quarto: em todos os seus recantos o crepúsculo tecia as suas armadilhas. Estava só. Retomou o trabalho, mas sentia que, a seu lado, havia mais alguém a esculpir com ele".

No próprio livro, que se chama, intencionalmente de "A VOZ", numa rápida biografia, isso se confirma.

MISTÉRIO... hehe.

Abração Ana.

"

BENTANCUR disse...

Aninha, Anaça, pistoleira de pontaria desconcertante. Teu texto é coisa muito séria, embora alguma gente burramente dê algum desconto por conta de uma certa estética pulp, trash, fílmica, "popular". Porra!, como dizem os cariocas (gaúcho como eu diz bah!), essa tua sacada é um senhor achado. Depois que li pensei: bah!, é até óbvio. Ficou óbvio. Mas ficou só depois que tu, Ana Paula Maia, sacou o lance todo, sacou e atirou no olho do leitor. Não sou meu. Sou mais teu agora. Ou melhor, do teu texto.

Paulo Bentancur, escritor, teu leitor.

Ana Paula Maia disse...

Hei, Bentancur... os que burramente opinam, opinam sobre o que também não pertencem a eles. Nada é. E continua não sendo. ;)

Obrigada pelas palavras.
bjs,