quinta-feira, junho 11, 2009

Verter força nos lábios

Eu morei por muitos e muitos anos numa rua chamada Borges. Uma rua sem graça. Que me entediava. Nem gostava do nome. Achava pesado. Quando se pronuncia tal nome, é preciso verter força nos lábios. Não gostava disso.

Aí.... depois de tanto tempo dizer este nome começou a fazer diferença. E o que faz a diferença é a carga de valores que um nome pode carregar. Hoje, me orgulho de ter morado numa rua de tal nome, Borges, e admito que ainda é preciso verter força nos lábios, mas quando esse Borges, precede de um Jorge Luís... essa força é transitória.

"Na ardente manhã de Fevereiro em que Beatriz Viterbo morreu, depois de uma imperiosa agonia que não cedeu um só instante nem ao sen­timentalismo nem ao medo, notei que os painéis de ferro da Praça da Constituição tinham renovado não sei que anúncio de cigarros louros; o facto doeu-me, pois compreendi que o incessante e vasto universo já se afastava dela e que essa mudança era a primeira de uma série infinita. Mudara o universo mas eu não, pensei com melancólica vaidade; sei que, algumas vezes, a minha vã devoção a exasperara; morta, podia consagrar­me à sua memória, sem esperança, mas também sem humilhação".
[O Aleph]

Ultimamente, estou mais interessada na obra do escritor argentino Jorge Luís Borges, por isso deixo a dica desta sexta-feira, dia 12/06, às 9:30 da noite, no programa do Edney Silvestre na Globo News, a escritora Lúcia Bettencourt e Antônio Fernando Borges estarão conversando sobre o escritor Jorge Luís Borges.

*That´s all folks*

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