Eu morei por muitos e muitos anos numa rua chamada Borges. Uma rua sem graça. Que me entediava. Nem gostava do nome. Achava pesado. Quando se pronuncia tal nome, é preciso verter força nos lábios. Não gostava disso.
Aí.... depois de tanto tempo dizer este nome começou a fazer diferença. E o que faz a diferença é a carga de valores que um nome pode carregar. Hoje, me orgulho de ter morado numa rua de tal nome, Borges, e admito que ainda é preciso verter força nos lábios, mas quando esse Borges, precede de um Jorge Luís... essa força é transitória.
"Na ardente manhã de Fevereiro em que Beatriz Viterbo morreu, depois de uma imperiosa agonia que não cedeu um só instante nem ao sentimentalismo nem ao medo, notei que os painéis de ferro da Praça da Constituição tinham renovado não sei que anúncio de cigarros louros; o facto doeu-me, pois compreendi que o incessante e vasto universo já se afastava dela e que essa mudança era a primeira de uma série infinita. Mudara o universo mas eu não, pensei com melancólica vaidade; sei que, algumas vezes, a minha vã devoção a exasperara; morta, podia consagrarme à sua memória, sem esperança, mas também sem humilhação".
[O Aleph]
Ultimamente, estou mais interessada na obra do escritor argentino Jorge Luís Borges, por isso deixo a dica desta sexta-feira, dia 12/06, às 9:30 da noite, no programa do Edney Silvestre na Globo News, a escritora Lúcia Bettencourt e Antônio Fernando Borges estarão conversando sobre o escritor Jorge Luís Borges.
*That´s all folks*
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