domingo, março 26, 2006

Copista eletrônico

"Meu nome é André. Era o nome do meu pai. Foi ele quem escolheu o meu. Minha mãe me chamava de Zinho. Ele não gostava, só me chamava de André. Depois ele desistiu e começou a me chamar de Zinho também. Eu moro em Porto Alegre, uma cidade no sul do Brasil.


Moro na Presidente Roosevelt, que é essa rua. Fica no Quarto Distrito. Roosevelt foi presidente dos Estados Unidos, ele era casado com uma gordinha que era prima dele. Ele ficou muito conhecido por causa da Doutrina Roosevelt, que não deu tempo de eu ler o que era. Nem sei direito o que é doutrina, acho que é um monte de regras. Parece o nome de uma velha. Vó Doutrina.


Da janela do meu quarto eu vejo um clube, o Gondoleiros. No teto do prédio tem uma gôndola. Eu não sei se em Porto Alegre já teve alguma gôndola.


Eu trabalho nesta papelaria, sou operador de fotocopiadora. De vez em quando a máquina tranca, aí tem que abrir e tirar o papel, e a cópia tem que jogar fora. Quase sempre tu só tem de apertar estes dois botões, start, stop, start, stop, start, stop.


É melhor parar, o Bolha acaba me vendo pelo espelho bolha dele. Ele diz que o espelho é para a segurança da loja. O Bolha pensa que eu sou otário. Considerando o que ele me paga, ele não deixa de ter uma certa razão. O nome do bolha é seu Gomide. A dona bolha se chama Maria. Só aparece aqui na loja para ver revista e pegar dinheiro. O nome do bolhinha é Rodrigo. Ou Diogo. Eles chamam o bolhinha de Guigo, acho que é Rodrigo. Ele fica abrindo o armário do papel, por causa da luz".

[trecho do filme O homem que copiava]


PS: A janela de comentários já voltou a funcionar normalmente, ao que parece. Algumas coisas estavam desativadas.



*That´s all folks*

Nenhum comentário: