Para amanhecer domingo, tive novos sonhos estranhos. Talvez sob efeitos do tal comprimido, pois já relatei um outro estranho sonho sob seus efeitos. Era um dia chuvoso e nublado e eu estava em Paris. Paris vivia uma revolução e eu encontrei alguns brasileiros à deriva que não se davam contam de todo o perigo que circundava a cidade.
Saí para ir até uma vídeo-locadora, que ficava numa rua estreita, parecia um pequeno reduto alternativo de intelectuais e gente indie. Até então, eu não sabia das manifestações. Na locadora, eu peguei três filmes europeus. Só me lembro de dois deles. Um era do Bertollucci, o outro era do Luis Buñel, porém um detalhe, este filme do Buñel não existe na vida real. E nele estava predito tudo o que acontecia nas ruas de Paris naqueles dias. Levei o dvd para casa, morava numa pensão meio capenga, e tinha uma velha senhora como proprietária.
Enquanto andava pelas ruas, retornando para minha pensão, comecei a ver as cenas do filme de Buñel acontecer à minha frente. Coisa de sonho, antes mesmo de assisti-lo em casa, eu já o assistia em minha mente, saco?
Bem, virei uma esquina e precisei confrontar a polícia em meio a rebelião de jovens. Lembro-me de ter apanhado uma pedra e jogado em direção aos policiais. Era isso ou eu estava frita. E Paris tornou-se em chamas. Só eu sabia sobre o filme. Só eu poderia saber como tudo terminaria. Perambulei até anoitecer, madrugada à dentro com muito frio. Peguei carona com umas brasileiras alienadas. Elas não entendiam que estávamos exilados, e eu continuava agarrada ao tal filme.
Não me lembro direito como tudo terminou, quer dizer, meu sonho foi interrompido, mas eu continuava a culpar o Buñel pelo estado de Paris. Voltei para o Brasil não faço idéia como e sentia-me muito mal. Um mal-estar extremamente penoso. Havia o medo dos confrontos chegarem até mim, me despertarem pela madrugada. Assistia ao filme buscando seu final, buscando entender a história, mas Buñel estranhamente não havia colocado um ponto final no filme, ele não terminava nunca e acordei bruscamente com a imagem do corre-corre, da loucura das ruas e do estado de sítio das coisas.
Engraçado que dois posts atrás falava do sonho de Cortázar e sua casa tomada, e nesse domingo, de alguma forma, também tive a minha casa tomada e minha consciência invadida pelos delírios de Buñel, por seu anjo exterminador, por sua insanidade descontinuada.
*
Já está no ar o capítulo10 do folhetim pulp. Confira!
*That´s all folks*
Saí para ir até uma vídeo-locadora, que ficava numa rua estreita, parecia um pequeno reduto alternativo de intelectuais e gente indie. Até então, eu não sabia das manifestações. Na locadora, eu peguei três filmes europeus. Só me lembro de dois deles. Um era do Bertollucci, o outro era do Luis Buñel, porém um detalhe, este filme do Buñel não existe na vida real. E nele estava predito tudo o que acontecia nas ruas de Paris naqueles dias. Levei o dvd para casa, morava numa pensão meio capenga, e tinha uma velha senhora como proprietária.
Enquanto andava pelas ruas, retornando para minha pensão, comecei a ver as cenas do filme de Buñel acontecer à minha frente. Coisa de sonho, antes mesmo de assisti-lo em casa, eu já o assistia em minha mente, saco?
Bem, virei uma esquina e precisei confrontar a polícia em meio a rebelião de jovens. Lembro-me de ter apanhado uma pedra e jogado em direção aos policiais. Era isso ou eu estava frita. E Paris tornou-se em chamas. Só eu sabia sobre o filme. Só eu poderia saber como tudo terminaria. Perambulei até anoitecer, madrugada à dentro com muito frio. Peguei carona com umas brasileiras alienadas. Elas não entendiam que estávamos exilados, e eu continuava agarrada ao tal filme.
Não me lembro direito como tudo terminou, quer dizer, meu sonho foi interrompido, mas eu continuava a culpar o Buñel pelo estado de Paris. Voltei para o Brasil não faço idéia como e sentia-me muito mal. Um mal-estar extremamente penoso. Havia o medo dos confrontos chegarem até mim, me despertarem pela madrugada. Assistia ao filme buscando seu final, buscando entender a história, mas Buñel estranhamente não havia colocado um ponto final no filme, ele não terminava nunca e acordei bruscamente com a imagem do corre-corre, da loucura das ruas e do estado de sítio das coisas.
Engraçado que dois posts atrás falava do sonho de Cortázar e sua casa tomada, e nesse domingo, de alguma forma, também tive a minha casa tomada e minha consciência invadida pelos delírios de Buñel, por seu anjo exterminador, por sua insanidade descontinuada.
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*That´s all folks*
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