quarta-feira, março 15, 2006

Os nós da corda bamba

Acho que faz duas semanas, que li um artigo no caderno Prosa & Verso sobre a inserção de novos autores nos catálogos de grandes casas editoriais. Já é difícil está nas pequenas quanto mais nas grandes. Bom para quem consegue e saiba que isso é fruto de muitos esforços. Acho que não é complicado ser escritor, você pode escrever o que quiser, intitular-se prosador, poeta ou dramaturgo, o difícil é ser bem publicado, ser bem resenhado, ser bem lido. E isso, creio, possui o elemento sorte. Você preciso de talento, de disciplina, de abdicações, de cuidados, e você precisa de sorte pra que tudo isso venha à tona.

O problema, muitas vezes, é pensar em tudo que vai além do texto. E o que vai além do texto está fora do alcance do autor. Qual o papel do escritor? Sempre penso no porquê de uma razão. Acho essa pergunta não só batida, mas eternamente sem resposta. O papel do escritor, pra mim, é aquele que está diante dele. É aquele onde escreve, rasura, e escreve de novo. Não creio em revoluções a partir de uma literatura, a não ser que essa revolução já esteja na ponta do gatilho. Acredito em tempestades do espírito, em evoluções interiores, revoluções individuais.

Um texto pode mudar um sujeito, alterá-lo pra sempre e essa é toda revolução que se pode conseguir de fato. Por isso, defendo o poder político de todo o texto, ao menos aquele que escrevo e só comecei a atentar pra esse fato quando o escritor Luiz Ruffato, por email, comentou sobre meu folhetim pulp

Fiz um passeio no que escrevi até hoje e concordo. Existe uma verve idealista e política naquilo que escrevo e acho essa uma das formas mais difíceis de se escrever e se portar. Uma postura dentro do que se acredita. Temo chutar cachorro morto, acuar rato envenenado, jogar lama nos porcos. Mas essas são agruras e disso todo escritor precisa, invariavelmente.


*That´s all folks*

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