terça-feira, abril 11, 2006

Babados de organza e laços de cetim pra você e pra mim

Devo confessar que meu lado perua aflora vez ou outra. Uso calcinha de oncinha, por exemplo. Salto alto e aliso os cabelos em escovadas severas que os fazem deslizar em negras madeixas. Uma beleza de se ver. Mas isso raramente. Em geral vou de tênis All Stars e jeans. Tenho certa preguiça em me aprumar. Se preciso, dou uma apavoada, mas tenho sido aceita assim... ninguém tem reclamado.

Há algumas semanas, li na Folha de S. Paulo uma tal matéria sobre o estilista Rogério Figueiredo reivindicando seus modelitos exclusivos dados de presente a primeira dama de São Paulo, dona Lu Alckmin.

Eu guardei a matéria com intuito de me tornar menos ignorante sobre o assunto: moda. É evidente que nunca imaginei comprar alguma coisa na Daslu, mas ando pensando imensamente em adquirir uma camiseta da Daspu. Gosto das prostitutas, sei lá por quê. Sempre gostei de viado, prostituta e travesti. Mas dos que são gente boa, é claro. Vestir Daspu é o mais “in” que conseguiria ficar. Compro minhas camisas de malha em lojas de departamento, seção infantil geralmente (pra ficar assentada. Sou miúda.) e só tenho três calças jeans. Uma do tipo gostosa e duas da M. Officer, do tipo lesbian chic. Haha. Mas taí, não sou lésbica muito menos chique, mas as calças caem bem.

Ok, voltando da digressão, essas declarações têm dado certa dor de cabeça ao governador de São Paulo, pois tem gente achando que os cofres públicos têm pago essas despesas, esses mimos para dona Lu. Segundo o estilista foram 400 vestidos que ele deu de presente. E todos feito com fazenda importada. Antes disso ela era muito “simplesinha”, disse o estilista, só usava jeans e camiseta. Ooops, to no caminho...

Só sei que os vestidos de dona Lu são de “vários comprimentos, em georgette de seda pura, shantung de seda e organza de seda pura. Um deles, amarelo, de shantung de seda, decote canoa e fenda lateral. De crepe vogue francês preto com gola sobreposta em cetim branco. São confeccionados em tecido que não amassa, o crepe vogue. Francês. Ou todo em tule de seda pura bordado com babados de organza e laços de cetim".

Essas roupinhas giram em torno, em um “torno” bem largo e redondo de 3 mil – 5 mil reais. São 200 modelos exclusivos, feitos só para ela. Calculando por baixo são 800 mil reais em exclusividade.

Porém, o guarda-roupas de dona Lu é sortido de grifes internacionais. Dependendo do modelo, primeira linha ou segunda a coisa gira num imenso “torno” de 15 mil reais.

Já que ela tem mais de 400 peças de alta costura no guarda-roupas, tirando os 200 anteriores já contabilizados, calculo o restante. Levando em conta que brasileiro adora aparecer e tá pouco se fudendo com o resto, depois de abandonar o jeans e camiseta, dona Lu só deve comprar modelos de primeira linha. Fazendo um outro “torno” e somando tudo, ela deve comportar mais de dois milhões só em roupas. Sem contar os acessórios e os sapatos. Puta que pariu, quem pariu essa mulher? Somando os sapatos, levando em consideração, mulheres sabem muito bem disso, sapatos combinam com a roupa que combina com a jóia que combina principalmente com a bolsa. E a bolsa é uma porra. São lindas e os preços extrapolam minha coragem de olhar. Olho um acidente, por exemplo, mas não paro na vitrine da Lous Vitton. E o toque final: Perfume. Francês, em franquinhos míninos que borrifam luxo, requinte e sofisticação (adoro esse trio, é um clichê da porra, mas é debochado igual). Sabemos que esses mimos, miudinhos e delicados, frágeis ao mais simples toque custam fortunas.

Bem, resumindo tudo num “torno” completo, acredito que a coisa chegue na casa dos 10 milhões. Exagero? Que nada. Mulher sabe dessas coisas. Sabe contabilizar essas “comprinhas”. Acho que um novo ramo de assaltos despontará em breve no país. Arrombar guarda-roupas milionários. Fico imaginando um bando, chique é claro, que sabe distinguir entre Valentino e Burberry. E o detalhe é que são peças exclusivas, assim como pinturas valiosas, tudo exclusivo. É, acho que essas “donas” vão precisar de guarda-costas para seus guarda-roupas.

E pensar que apenas o valor desse guarda-roupas faria tanto pela metrópole. Ampararia muita gente. Daria um jeito em algumas coisas... talvez ajudasse a cidade alagar menos ou ajudasse o outro lado pobre e necessitado.
Esse guarda-roupas é praticamente a fantástica fábrica de chocolate.



*That´s all folks*

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