sexta-feira, maio 19, 2006

Um dia desses e daqueles... chutando ratos, mascando cravos

Também podia falar sobre a onda de ataques em São Paulo e a futura que provavelmente ocorrerá no Rio de Janeiro. Também podia me deter no gás boliviano e tentar pleitear no verbo e na raça. Podia, sei lá, me indignar com alguma coisa, dar uma opinião fajuta ou ficar especulando na ponta dos dedos. Tenho medo de polícia, tenho medo de bandido, tenho medo de gente fofoqueira, medo de tropeçar em rua de paralelepípedo. Tenho medo de cachorro grande e medo de ladainhas religiosas, tenho medo das próximas eleições e do mendigo que dorme embaixo de uma marquise pertinho daqui. Tenho medo de atravessar a rua entre carros fora da faixa de pedestre, medo de mais um escândalo financeiro, político, social e moral no meu país, que por enquanto continua sendo o Brasil. Tenho medo do aumento do nível do mar e do desaparecimento de Copacabana, tenho medo inclusive dos pivetes que residem nas praias cariocas; tenho medo de falar demais e temo escutar o que não devo, enfim... vivo em estado de sítio.

Hoje, bem cedinho, topei com uma cabecinha de rato. Comeram o resto provavelmente, ele parecia ter sido devorado porque dava para perceber que foi rasgado do resto. Dizem que encontrar um pé de coelho traz sorte. E cabeça de rato? Em seguida senti cheiro de peixe frito. Ouvi muitas risadas de crianças vindas de uma escola, eu acho, e numa banca de livros usados encontrei um chamado “Queda de Braço”, uma antologia de contos organizada por Glauco Mattoso, com o subtítulo “literatura marginal contemporânea” ou algo semelhante. Era contemporânea na época, como não li nada, acredito que ainda seja, ao menos a queda de braço marginal continua com seu campeonato aberto para disputas. Passei em frente ao IML e bases policiais. Topei com crianças quimioterápicas convalescentes. Um dia desses, um dia daqueles. Com sol e vento frio extremante agradável. E espero saber que tipo de amuleto seria uma cabeça de rato.



*That´s all folks*


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