sábado, março 24, 2007

Meu amor fica nas entranhas, não bate no peito.

O que foi escrito no artigo do jornal A Folha de São Paulo (24/03/07), sobre o fato de eu ser contra clichês, acho que foi mal interpretado pelo jornalista. O que eu disse, foi mesmo aquilo, porém não disse em momento algum ser contra clichês.

Não sou contra clichês. Cada um escreve o que quer. Minhas histórias são entendidas por mim como de amor. Não ria. É sério. Não estou tirando um sarro.

Mas é possível rotulá-las como tal? Eu nem tento.

Acho que a maioria diria não. Meu editor, o Eduardo Coelho (meu chuck norris), que leu muitas vezes “A Guerra dos Bastardos” e fez muitos comentários sobre o livro não fez menção nem de longe a respeito da história ter a ver com amor.

Sendo assim... não posso ser considerada um escritora com pulso e coração para emocionar os leitores com histórias em que o amor é o sentimento mais evidente.

Agora, putz... se rolar uma parada parecida com o tema porcos, barbudos cretinos e coisa e tal.... me chamem hein! Se não é sacanagem. Haha. Gostaria de ir pro Vietnã e traçar o percurso que o Coronel James Braddock fez na seqüência “Braddock, o resgate”. Lindo filme. Uma história de amor entre pai e filho.

Eu não sou contra ninguém vestir uma calça marrom, mas eu não visto. Não sou contra ninguém tomar Velho Barrero, mas eu não tomo. Não sou contra ninguém ouvir Odair José, mas eu não ouço.

Enfim... cada um escreve, veste, bebe e ouve o que quer.

Não me peçam pra falar de amor. Eu já falo o tempo todo, mas é que fica muito espremido nas entrelinhas. Nada aqui é evidente ou transparente. Meu amor fica nas entranhas, não bate no peito.


*That´s all folks*

2 comentários:

Anônimo disse...

Imaginei mesmo que você não tivesse dito aquilo sobre os clichês. Malícias de jornalista! Ficou bem claro na matéria que o jornalista quis, a qualquer custo!, classificar os escritores entrevistados em dois tipos: os que eram contra (porque não foram chamados) e os que eram a favor dos Amores Expressos. Ele fez a coisa tão bem feita que reproduziu exatamente o que você disse, mas deu um "jeitinho" de encaixar a sua fala na ala dos escritores que eram contra o AE. Estudei muito sobre essas "sutis" deturpações das falas dos entrevistados em uma entrevista em minha dissertação de Mestrado.Sem querer me estender muito, mas só para citar um exemplo clássico que ocorreu com o poeta Arnaldo Antunes: o entrevistador perguntou ao poeta se ele já tinha experimentado relações homossexuais, ele negou, então o insistente jornalista perguntou: "nem em troca troca quando criança", ele, pacientemente, negou novamente. Na matéria sua resposta foi reproduzida da seguinte forma: "Não, nunca experimentei relações homossexuais, nem em troca troca quando eu era criança", pode!?

abraços

Vera Helena

Anônimo disse...

Reconstrução do procedimento da entrevista de Arnaldo Antunes para a Playboy:

"Ruy: Você já teve transa homossexual?
Antunes: Não, nunca

Ruy: Nem quando criança, troca-troca?
Antunes: Não, nem criança.

Transformação publicada pelo jornalista:

Ruy: Você já teve transa homossexual?
Antunes: Não, nunca, nem mesmo em troca-troca quando eu era criança"

Trecho tirado do livro de Marcuschi

Vera Helena