quinta-feira, junho 14, 2007

Provocações de um dragão.



Recebi por email do poeta e dramaturgo Astier Basílio, de João Pessoa, um poema que segundo ele disse foram escritos provocados por Gina Trevisan.
Gina Trevisan é uma personagem de A Guerra dos Bastardos. Minha musa de luvas de boxe.

"Um dragão vermelho que envolvia todo o corpo, começando um pouco abaixo da nuca e terminando com a cauda no umbigo. O único dragão com piercing no rabo que cuspia um cabelo vermelho sangrento. É o que todos sempre dizem ao vê-la."
...
“Gotas de suor escorrem pelas costas. Sente queimar a pele, sufocar os poros. A cauda de serpente contornando o umbigo expele bolinhas de suor que borbulham da pele. O pescoço aquece, a garganta incandescente do dragão fritam seus pensamentos, suas garras fincadas nas costelas, as asas querendo transportá-la para uma outra dimensão”.

[trecho de A GUERRA DOS BASTARDOS]


A Gina me lembra um pouco uma amiga da escola que me defendia dos que queriam tirar um sarro da minha cara. Ela se chamava Angélica. Ninguém se metia com ela. Ninguém. Sabia brigar e dar porradas.
Engraçado que só agora percebo que a Gina tem um tanto da Angélica.

Eu havia trocado de escola. E essas mudanças aos 12 anos é bem difícil. Fiquei no grupo dos nerds. Não era nerd, porém foram os únicos que me aceitaram. Era uma escola difícil. Em muitos sentidos. Inclusive minha amiga nerd, anos depois extraiu meus cisos. Extraiu porque virou dentista. Não tinha nada contra mim. Uma CDF de primeira. Ótima garota.

Bem, voltando ao assunto.

O primeiro ano foi o pior. Havia muita gente marrenta e provocadora. Grupinhos formados. Sofri um pouco naquele ano com toda a adaptação.

Porém no ano seguinte...

Entrou uma turma bem casca-grossa. Do tipo que eu gosto mesmo. Pé na cozinha. E nessa leva maravilhosa veio a Angélica. E ela virou minha melhor amiga. E todos tinham medo dela. Incluindo todos os meninos e até professores falavam com ela com certa cautela.

Me lembro que ela metia a porrada nos meninos de sua rua e tinha um namorado chamado Kiko. E que às vezes usava lentes de contato verde.

Ela era um gigante perto de mim. E a partir daí peguei respeito e nunca mais tiraram sarro da cara de ninguém, pois tudo se fundiu muito e diluiu os grupinhos formados.

Boa fase. Encontrei anos mais tarde a Angélica num show dos Raimundos e anos depois, (ano passado) na fila do banco. Perto dela, precebi que cresci bastante. eu era esmirrada na época. Hoje em dia eu até que conseguia enfiar-lhe umas porradinhas. haha. E virou professora e não deve mais bater em ninguém.

Quer dizer... eu já tive alguns dragões pessoais. Agora segue um trecho do poema do Astier. Essas provocações que um texto tem sobre alguém é mesmo fenomenal. E eu percebo, assim tão de perto, o poder de multiplicação que o texto pode ter sobre outro alguém que sabe se manifestar através das palavras.



*That´s all folks*

2 comentários:

Simone disse...

Nossa, ele é talentoso! Tradicional porém muito bom!
Agora que recebi uma graninha vou comprar seu livro. Estou doida pra ler.

Anônimo disse...

O que eu já apanhei dessas Angélicas da vida quando era garoto não tá escrito. =]


fredson.