sexta-feira, agosto 31, 2007

*Observar atentamente é lembrar distintamente.

Assisto a filmes de terror desde muito pequena. Minha mãe e minha avó eram contra. Chegava da escola com um VHS de uma seqüência de Sexta-feira 13, A Hora do Pesadelo, ou algo do tipo. A pressa era tanta que almoçava assistindo ao banho de sangue e aos gritos. Minha avó balbuciava orações. Acreditava que aquelas imagens traziam o mau. E são imagens malignas mesmo, mas quando criança ainda não se percebe isto com clareza. A lucidez e fantasia se misturam. Crianças reagem diferentes e digerem mais rápido qualquer coisa, pois o metabolismo trabalha com maior desempenho.

Os filmes falavam de assassinos em série, psicopatas, vampiros, animais assassinos e assombrações. Acho que era basicamente isso.

Um gênero particular, o das assombrações, passou por grandes mudanças nos últimos anos. Ficamos muito tempo sem boa produções de terror. A década de noventa produziu basicamente filmes ruins, porém, quando aproximávamos do fim do século, um fenômeno surpreendente: os filmes de terror voltaram a serem bons. Melhor. Eles estão muito melhores e as produções não perdem em nada para filmes de outros gêneros.

Por que os filmes de assombrações mudaram? É que hoje, mais do que antes, as assombrações já não são demônios, já não assustam por terem de assombrar. Todas têm um motivo. As posições mudaram: as assombrações são assombradas.
Existe um refinamento do terror. Os mortos que não sabem disso como no conhecido filme “Os Outros” e isto acontece num filme de terror Sul-coreano de fotografia e trilha sonora fantásticas. Chama-se “A tale of two sisters”. É um filme de poucos e grandes sustos. Com uma trilha parecida de filmes grandiosos. Passa-se muito durante o dia. Parece um drama. Mas há muito horror. Um dos filmes mais sensíveis que assisti.

Acho que o gênero terror, hoje em dia, alia o que há de melhor para se contar uma boa história. Talvez, os dias atuais implicam nisto. Quero dizer, neste aperfeiçoamento e mudança de posições. Hoje, nós conhecemos o drama do “fantasma”, enxergamos o outro lado. Suas qualidades, razões, deficiências pela ótica do próprio fantasma.
Sem dúvida, manifestações como essas, dizem respeito diretamente a nós. Acho que o horror físico dos últimos anos está exacerbado. O que temos é um punhado de horror sensível e psicológico. Acho que quem faz e escreve filmes, sente-se muito mais o fantasma, o vilão, o que assombra e horroriza. Deve ser por isto que o horror dos dias atuais é tão verdadeiro.


[* Edgar Allan Poe]



*That´s all folks*


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