sexta-feira, novembro 28, 2008

vejamos...

Nesta sexta-feira e sábado (dias 28 e 29) em São Paulo acontece o evento Vira Cultura, na Liraria Cultura, loja do Conjunto Nacional, que ficará aberta durante 37 horas. Para conhecer a programação clique AQUI

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O II seminário Literatura sem Papel foi um bom papo, muito bem mediado e embasado por Beatriz Resende, sempre é possível extrair coisas novas e estimular pensamentos a cerca do que a internet promove na cultura escrita.

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Assisti ao novo filme do Woody Allen, "Vicky Cristina Barcelona" e gostei muito. Recomendo. Mas recomendo muito mais o filme [REC].

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Estava pensando nos livros nacionais de ficção lançados em 2008. Foi um ano um tanto devagar ou eu não reparei. Foram poucos lançamentos interessantes. Alguns livros tiveram diversas indicações a diferentes prêmios literários e tudo girou em torno desses. Livros lançados em 2007, que foi um ano bem mais interessante em termos de publicações. Esperemos por 2009.

Não, não tenho a menor dor de cotovelo por não ter recebido nenhuma indicação, aliás, recebi algumas, como por exemplo: "Esta empada de palmito é a melhor da casa, experimenta.".......... ou.........."Aquela rua é menos perigosa, vá por ela."......ou....... "Se eu fosse você, levava este amaciantes de roupas, o rendimento é maior."

Evidente que recebi muitas outras indicações, essas são apenas algumas.

Numa roda, quase uma ciranda úmida de cerveja, (mas EU NÃO BEBO), havia uma discussão sobre literatura contemporânea e aqueles que a fazem. Sim, sim.... conversa pra hoooooras....

Houve uma manifestação a respeito de que na Literatura não existe união da classe trabalhadora, ou seja, os escritores. Que um quer enfiar a cabeça do outro na privada. (enfiar a cabeça na privada ninguém disse, mas eu imaginei isso agora e o contesto era o mesmo).

O mais difícil da literatura é a negociação, é driblar as insatisfações tanto pessoais quanto as dos outros.

A literatura é um negócio arriscado tanto para quem faz como para quem investe nela, ou seja, os editores. Aqueles que escrevem e não conseguem ser publicados, e de fato muitos não serão, tornam-se amargos e acusadores. Sempre um fulano desconhecido por todos é para ele o maior escritor brasileiro vivo. Existe um perfil. Você o detecta com facilidade depois de algum tempo.

A culpa? É dos editores. É da crítica. É dos leitores (que não existem).... essas coisas.

Quando alguém manifesta uma opinião pública, surge outro que toma as dores e refuta.
Deixe que se manifestem. Todos. Com ou sem dores.

Literatura é uma invenção. E sem invenção não prosseguimos. Sem vislumbrar uma possibilidade qualquer não resistimos.

Já me subestimaram muito e ainda subestimam. Sabe o que eu faço? Eu escrevo.
Mando ir à merda em pensamento.

Não brigo, não xingo, não questiono ou tento provar no grito.

Eu escrevo. Se me chamam a um debate, eu aceito. Se implicam, eu sorrio. Se me dão mole, eu pego. haha. (EPA!... nem sempre, nem sempre.)

Eu escrevo porque preciso me aproximar do meu objeto de repulsa, do horror que sinto por algumas coisas em princípio ordinárias. Acredito numa literatura cujo o papel seja a aproximação daquilo que transforma o olhar, minha em primeiro lugar e depois dos outros que a lerão.Ao menos para aquilo que o torne atento. Atentar o olhar para alguma direção é sinalizar caminhos e isso a arte deve fazer.... em todas as suas manifestações.

Mas sabe.... cá entre nós... acho que a maioria dos escritores se sentem escritores a maior parte do tempo, do seu dia. Eu não sinto. Pode ser estranho para os outros, mas eu não sinto e jamais quero sentir esse troço. Me afetaria terrivelmente. Mudaria meu foco. Eu jamais leria, assistiria a um filme ou apreciaria um quadro da mesma forma, pois o julgamento do escritor estaria ali.

Não mesmo.

O que afeta um escritor é a consciência de ser um.


*That´s all folks*

Um comentário:

Anônimo disse...

Você precisa ver a cara dos funcionários da Cultura com esse Vira Cultura. Parece filme trash de tanta satisfação. rs.