segunda-feira, maio 25, 2009

1893

___"Meu objetivo foi mostrar a Terra, não somente a Terra, mas o Universo, porque, em meus romances algumas vezes transportei meus leitores para regiões além da Terra. Procurei ao mesmo tempo atingir um ideal de estilo. Dizem que não pode haver estilo em um romance de aventuras, mas não é verdade; porém admito que é muito mais difícil escrever em um bom estilo literário esse tipo de romance do que estudos de caracteres hoje tão em voga.

___Confesso ___Então Júlio Verne ergueu ligeiramente os largos ombros ___ que não sou grande admirador do chamado romance psicológico, porque não vejo o que um romance tem a ver com a psicologia e não posso dizer que admiro os ditos romancistas psicológicos. Entretanto, faço exceção a Daudet e Maupassant. Tenho a maior admiração por Maupassant. É um gênio, que recebeu do Céu o dom de escrever sobre tudo e que produz com tanta naturalidade e facilidade quanto a macieira que produz maçãs".
[Trecho de uma entrevista com Julio Verne em 1893]

Lendo o trecho desta entrevista realizada em 1893 e sabendo que Julio Verne nunca foi reconhecido na literatura francesa em vida, é uma coisa curiosa essa sua declaração. Na ocasião, Verne era um escritor menor, seus textos de aventuras e ação não condiziam com a alta literatura da época. E hoje quem pode negar que Verne não é um dos maiores escritores que já passaram pela Terra? A mesma Terra que ele adorava mostrar em seus livros.

Mas ele lamenta por dizerem que não há estilo literário, subentende-se qualidade literária, em seus textos. Quando ele diz "estudos de caracteres", diz de uma literatura interessada em analisar elementos individualizadores, que estava em voga naquela época e logo depois, ele confere o que eu suspeitava quando afirma não ser grande admirador do chamado romance psicológio.

É impressionante que mais de um século depois, nada, realmente nada mudou na literatura. Temos hoje os buscam qualidade e estilo para contar história se aventurando pelas vielas da imaginação e por outro lado nos deparamos com o tal estudo de caracteres ou os romances psicológicos.

Afinal.... isso um dia vai mudar?

Parece coisa da evolução das espécies...acho que a literatura segue em coordenadas similares. rs.


*That´s all folks*

2 comentários:

Gui disse...

Ah, eu acho que o que importa, no fim de todos os textos, é a originalidade.
Pega-se o assunto mais xumbrega do universo, provoca-se uma quebra nos lugares-comuns da literatura já escrita e torna-se um excelente livro. Se será ou não reconhecido, aí reside outra história, porque a humanidade não se preocupa com o interior da garrafa e menos ainda com seu contéudo, mas com o que diz o rótulo.
Não é?

Muita Ironia e Pouca Vergonha na Cara disse...

Bom, não concordo com o que o Gui disse que a humanidade não se preocupa com o interior da garrafa e menos ainda com o seu conteúdo.
Importa e muito! Tanto é que os livros ruins não são publicados nas grandes editoras nem ganham prêmios nem muito menos leitores.
Quanto a pergunta se há algo de novo, os gregos podem estar errados. Se sê olham para o futuro, se tem uma clarividência incomum como tiveram os grandes gênios, como Rimbaud, por ex., então, logo... e por que não?