"Mas tem uma dica que quero passar para frente. O novo livro da Ana Paula Maia, “Entre rinhas de cachorros e porcos abatidos” (Ed. Record). Que texto! Que história, que discernimento e que sensibilidade. É um pouco estranho falar de sensibilidade num livro que é uma chacina só. Mas leia e você vai entender. Juro que quando vi o termo “pulp fiction” achei que fosse uma coisa meio modernosa e pirada. Não gosto. Mas não é nada disso. É literatura da melhor qualidade. Contundente, visceral, lapidada e sincera".
"O nome do mais recente livro de Ana Paula Maia é estranhíssimo: Entre rinhas de cachorros e porcos abatidos. Ao terminar a leitura você percebe que o menos estranho é o título. A Ana Paula é fera! Eu já tinha lido e gostado muito d”O habitante das falhas subterrâneas (seu primeiro livro). Mas nesse (que encerra duas novelas) ela está ainda mais afiada e vai mais longe. Certeira, não se desvia um milímetro do caminho originalíssimo que trilha. Tenho medo de falar sobre o que trata o livro porque, caso eu soubesse, não teria aberto a primeira página e teria perdido uma preciosa leitura. Sangue, sangue e mais sangue. Tripas, rins, fígado, intestino. Cachorros e porcos sendo estripados, rins (humanos!) sendo arrancados com canivete em meio a um bate papo qualquer. Com tudo isso, acredite se quiser: é uma das leituras mais gostosas e divertidas que fiz recentemente. O livro é hilário. O realismo da Ana Paula vai tão fundo que dá a volta e vira fogos de artifícios, luta na lama, Pulp Fiction, um quadro do Pollock, uma celebração enlouquecida da miséria humana (sempre ela).Se você quer passar uma hora (o livro é pequeno) com uma autora capaz de te provocar as mais loucas sensações, corre atrás. Ao terminar, não estranhe a poça de sangue que haverá sobre seus pés".
Nenhum comentário:
Postar um comentário