sábado, fevereiro 19, 2011

Sexto sentido.

Tive um pressentimento, o de que a faxineira cairia pela janela ou da escada. Horas depois, o barulho me fez pular da cama, e sem dar pause no filme que assistia, corri até a área de serviço. Primeiro vi os seus pés, conforme avancei, o resto do corpo estendido no chão. Escorregou e a escada de ferro que estava que estava a poucos centímetros quase caiu em cima dela. Sendo assim, por um erro de cálculo, talvez um pequeno ajuste na minha engrenagem que aciona o meu sexto-sentido, eu teria pressentido que ela não cairia da escada e sim que a escada cairia em cima dela. Por pouco. Ela se levantou com dores por causa impacto e logo depois estava bem.

Voltei ao filme, e uns trinta minutos depois, ele se concluiu. A revista Bravo! deste mês traz alguns artigos sobre os principais filmes que concorrem ao Oscar e também uma longa matéria sobre correspondências trocadas entre Drummond de Andrade e um amigo escritor. Nas cartas ele desfia seu desapreço, ou melhor, sua total indignação contra a literatura feita por escritores nordestinos, como Raquel de Queiroz e José Lins do Rego. E na matéria segue vários trechos de cartas em que ele desabafa seus ressentimentos e opiniões.
No fim das contas é tudo opinião.

Certo dia, não faz muito tempo, um rapaz me escreveu dizendo que gostaria muito de vivenciar o meio literário. Disse o quanto estava entediado com a sua vida, seu trabalho que lhe proporcionava uma vida confortável, porém sem prazer. E coisas desse tipo.

Respondi a ele.

E ele me escreveu de volta dizendo que na verdade ele queria viver o meio literário, as rodas de escritores, e não necessariamente fazer literatura.

Aí, acho que nem respondi.
Pois não saberia o que dizer. Só poderia trocar umas poucas palavras com quem gostaria de escrever. No quesito social, nunca me pergunte como fazer.

Dificilmente alguém me verá perder tempo falando mal de alguém. Criticando negativamente. Nunca me assentei em rodinhas para desfiar rosário algum sobre as dificuldades do meio literário, xingar editores, críticos, jornalistas ou para dizer que fulano ou beltrano tem mais vantagens que outros, que tem mais espaço, ou mais anteção, ou qualquer tipo de coisa.

Geralmente, no meu tempo livre, eu procuro os filmes de faroeste que ainda não assisti tento descobrir algum novo bom filme de terror. Evidente que ler também está no pacote. Mas sou mesmo muito ligada a filmes. Não nego. E assim, permanecerei.

Bem, certa vez, um jornalista de um jornal de Recife fez uma resenha crítica falando muito mal sobre o meu terceiro livro. Muito mal mesmo. Levei um susto, pois eu estaria numa mesa mediada pelo o próprio sujeito minutos depois de ler o artigo. Ele me olhava desconfiado. Eu mal o olhava, pois estávamos lado a lado.

Ao término, um pouco sem graça, ele me disse: "Acho que não li o seu livro direito".
Ao que eu respondi: "Não. Você leu sim".

Pouco tempo depois, o vi em outro evento literário, e mesmo a distância, o cumprimentei com um aceno de cabeça. Gentilmente.

Ele não gostou do livro. Deve ter as suas razões. Mas ele não me conhece. Aliás, a minoria me conhece. Até os meus poucos amigos, pouco me conhece. E isso é bom, pois assim, há imparcialidade quando se escreve uma resenha crítica ou se especula sobre a sua vida, não é mesmo? rs.

Vou lançar o meu quarto livro. QUARTO. Não é pouca coisa. Não faço ideia do que dirão, se dirão, essas coisas. Evidente que já posso recomendar que a leitura seja feita longe das refeições, apesar de não haver nenhuma cena de estripamento de porcos ou humanos. Estripei a alma e os ânimos dessa vez. Ou mais uma vez. Vá saber...

A engrenagem do meu sexto sentido precisa ser calibrada, ficar no eixo exato, para entender o que ele quer dizer...afinal.

*That´s all folks*

2 comentários:

Farley Rocha disse...

Aguardaremos, então.

Margareth disse...

Oi Ana, acredito que o sexto sentido corresponde à sensibilidade do acaso. Que bom que foi o contrário, a escada ter caído e não ela, dela e estar por perto para dá uma mãozinha. Meu sexto sentido é quase um terror. A bem pouco tempo, cinco anos, tempo que marca o falecimento da minha tia, um forte odor de defunto (antes que se pergunte, são flores apodrecidas com velas queimando, pelo menos é o que sinto, se tem outro odor, desconheço) avisa antecipadamente a morte de alguém conhecida. Em média, entre três a sete dias a notícia se apresenta. Estranho não? Principalmente pra mim, que nunca senti nada a respeito, pois só vivo do eu acho ou acredito. Ou Ana, e esse seu amigo literário, quantos livros ele já lançou? Isso é inveja, intriga da oposição ou quem sabe, faz parte da roda falante. O mínimo é pouco, muito pouco. Ana, mais, bem mais é você. Continue por favor, sem mesquinhez a rechear o mundo literário com seu talento, que sempre brota sucesso. Aplausos de sucesso.
Margareth.