domingo, abril 02, 2006

Montanhas de gelo à deriva Ou Um dia miudinho

Esse domingo, esse friozinho, a chuvinha rala que cai agora; um dia diminutivo. Estou baixando músicas do The Kills, minha banda predileta, do seu álbum Keep on your mean side. Recomendo para quem nunca ouviu.”Gypsy death and you” é o que acabei de baixar e é maravilhoso porque combina com meu dia em diminutivo. Sempre que o céu nubla e o ar resfria sinto-me pequenininha, uma coisa boa. De querer ficar encolhidinha.

The Kills reúne um pouco de blues, de folk, de guitarra frouxa, voz sonolenta, som ruidoso, e dá uma vontade tremenda de entrar no carro, carro velho e grande e empoeirado, e encarar uma estrada de asfalto sem rugas, vincos, ou depressões; uma estrada com paisagens laterais, com pôr-do-sol alaranjado. Os vidros das janelas arreados e aquele vento incisivo que invade até a consciência, ressecando os cabelos e a pele. Mas você não se importa realmente. Só o que importante é seguir o fluxo da estrada. Manter uma freqüência de adrenalina num estágio controlado.
Mas deixo isso de lado, porque hoje faz um dia invernoso, para os padrões carioca e é tão raro. Vou aproveitar.

À noite, vou assistir a um documentário sobre o Truman Capote, Homenzinho Terrível, é o que diz na chamada. Não o conheço, assim só de longe, e quero saber o que tinha de tão terrível o homenzinho Capote que usava óculos redondinho e de cara gozada.

Entre Rinhas de Cachorros e Porcos Abatidos está chegando na reta final, chegando ao final dessa estrada da qual falei acima, onde queria estar dirigindo e contemplando superfícies. Bem, não gosto de ver histórias das quais eu gosto chegar ao fim. Estou terminando de ler “A Esfinge dos Gelos”, do Julio Verne, por quem nutro paixão há anos, e fico murriando com a leitura. Eu não quero que acabe. Assim como não quero ver terminar a saga dos abatedores de porcos. Talvez, por isso, já penso na seqüência, na parte dois.

Abro uma exceção e atualizo um dia antes o folhetim pulp. Então é só clicar para conferir o capítulo 11

Sinceramente, eu trocaria a estrada por instantes se houvesse algo parecido para vislumbrar, assim, como no trechinho abaixo. Eu e um barquinho. Velho, o barco, não eu. E não precisava ser num mar, poderia ser um rio, uma baía, sei lá. Ás vezes, só tenho a necessidade do constante fluxo e de admirar superfícies.


“...E foi então que flutuaram trevas densas, temperadas pela claridade das águas, que refletiam o véu de vapores brancos estendidos no céu...”


[A Esfinge dos Gelos _ Verne]



*That´s all folks*

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