terça-feira, abril 04, 2006

The Truly Terrible Truman

Assisti ao documentário sobre o homenzinho terrível chamado Truman Capote. E fiquei um pouco triste. Depois de uma hora olhando aquela funny face, desmontei no sofá, enquanto comia um pacotinho de confetes de chocolate. Nem o chocolate me adocicou.
Não assisti ao filme sobre o escritor, ainda. Mas acho que as revelações neste programa foram além, hum... olhando de um outro prisma, talvez aquém do que imaginava.
Mas não no sentido de ter sido bom ou ruim, o documentário foi ótimo, mas o que mostrou é que deveria estar aquém da condição humana.

A gente vê isso acontecer com celebridades, a degradação da imagem e coisa e tal até culminar num estado de fundo do poço. Humilhação. Quase insanidade.

Penso até no escritor que no seu cantinho, deprimido, amargurado; sua obra nunca reconhecida ou reconhecida até demais, sei lá... uma espécie de germe literário que o inflama as entranhas, se matar. Suicídio intelectual é bem comum, mas com Truman foi diferente porque ele tinha tudo, menos privacidade ou isolamento.

A vaidade era a coisa mais terrível no homenzinho de voz esganiçada, homossexual assumido, usuário de drogas, beberrão, baladeiro, tudo ao extremo. Aos 23 anos ele já se destacava no cenário literário, e se destacava com um jeito sedutor e provocante. Com fotos sensuais em matérias sobre ele e acho que também nas orelhas de alguns livros.

E as doses de vaidade eram tomadas sem prescrição médica. Ingerida após as refeições, ele viciou nele mesmo. E o germe cresceu. Truman teve uma vida entre a alta sociedade, ganhou muuuuuiiiiiiittttoooooo dinheiro com seus livros e os direitos autorais para a adaptação, de pelo menos dois, para o cinema. Uma beleza. Vê-lo dar entrevista, ser abordado enquanto perambulava pela cidade do interior dos Estados Unidos para fazer a pesquisa sobre o caso de assassinato que deu origem ao seu livro “A sangue frio” era uma coisa. Uma coisa é muito vago, então, diria, de vomitar. A porra do homenzinho era praticamente um Clodovil Hernandez das letras. Um, costurava tecidos, o outro, palavras. A arrogância de Truman era desmedida, assim como seu talento.

“A Sangue Frio” foi o livro que o consagrou e trouxe os milhões, porém Breakfast at Tiffany's (Bonequinha de Luxo) já o havia dado um baita status. Aos 40 anos ele tinha poder, resumindo: Sucesso, dinheiro e fama. Ohhhhhhhh...... e o germe literário que inflama as entranhas, não deixou nem cinzas para Truman. Não saiu mais nada depois disto. Tão requisitado que não havia mais tempo para se dedicar àquilo que o colocou naquele status. O germe de sua vaidade matou sua literatura. Ainda bem que não antes de concluir “A Sangue Frio”, este ficou a salvo para a posteridade.

Num talk-show ou coisa que o valha, ele disse que não dormia fazia umas 48 horas, estava velho e nitidamente intoxicado de: álcool, drogas e frustrações. Olhando para o homenzinho terrível, ao final do documentário, só restava pena. Enquanto falava com o entrevistador, ele rodopiava com olhos atordoados, os cantos do estúdio, era incoerente em suas respostas e despejava ainda mais uma soberba ultrajante.

Cá entre nós, tenho a sensação de que algumas pessoas pisam no próprio rabo de tanto darem volta em torno de si. Uma pena ver Capote capotar. Mas sua cauda era longa e seus sapatos de bico fino. A trombada era inevitável. Que fique aí o legado para futuras gerações. Tosar a cauda é uma excelente medida preventiva, não importa para o que seu talento esteja direcionado.

***
Tirei os comentários porque estava dando uns paus aqui. Não estou na fase Truman Capote não, imagine. Tenho a cauda tosada e não uso sapatos de bico fino. Pra falar basta usar o email aí ao lado que eu retorno, certo?


*That´s all folks*

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