sábado, abril 15, 2006

Transubstanciado numa vagem ou Cuidado com seu ovo

Depois de morrer na cruz, Jesus foi levado ao sepulcro, uma espécie de caverna fechada com uma pedra e ali ele ficou até a sua ressurreição. Ok. Então, a páscoa, essa festa cristã me soa como um momento de pensar em humanidade, e não na humanidade. Toda essa coisa de ressurreição me soa confuso, como o milagre da transubstanciação, são ações que não entendo muito bem, mas acho que é um tipo de estado alterado, passa-se para outra fase, mudança de uma substância em outra. Transubstanciação. Ressurreição. E minha ignorância passou por um estado desse, transmutou, transubstanciou. E isso em plena páscoa, nada melhor, assistindo ao filme Vampiros de Almas (Invasion of the Body Snatchers), de Don Siegel. Lançado em 1956, conta uma história, assim, apocalíptica, cheia de transmutações. A história se passa numa pequena cidade, Santa Mira e lá os invasores de corpos (inclusive nome do livro que inspirou o filme) vêm em forma de vagens gigantes. E dentro dessas vagens, gera-se cópias idênticas de seres humanas. Então, a pessoa que dorme próximo a uma delas, tem sua mente sugada por essas enormes vagens e o humano original é destruído. Essas novas formas humanas, que passaram por um sono e tiveram seu ser extraído de modo indolor tornam-se seres sem sentimentos. Sem caprichos, anseios, incapazes de amar, de sofrer, vivendo apenas uma rotina de pouco significado, com o único sentido, o sentido dos animais irracionais, eles só querem sobreviver e perpetuar a espécie. Tornam-se desumanos. Quando transmutados, sentem-se bem melhor, gostam daquela sensação de segurança, sem temer, sem ansiar, somente perpetuar.

O filme em sua época de lançamento teve uma leitura política, ok, concordo. Há nele a intenção de através de um poder maior tornar todos os humanos em inumanos. Numa massa homogenia.

No final, temos uma epidemia, uma dominação presidida não se sabe por quem, que se espalhará pelo mundo através de vagens gigantes que absorverá mentes e personalidades, porém as emoções são deixadas de lado, é claro, lidar com temperamentos é a parte mais difícil da coisa, e deixar todo mundo assim, apático, igualzinho é bem mais fácil.

Fiquei com medo de dormir próxima do meu ovo de páscoa. Nunca se sabe quando a dominação começará e através do que ela se dará.

Admito, e digo isso num sussurro, tenho certa sensação de que tenho convivido com algumas vagens leguminosas gigantes. O problema é provar isso para os outros.



*That´s all folks*




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