segunda-feira, julho 17, 2006

Paulicéias

Voltei de Sampa. É aquilo, o tempo foi curto pra tanta coisa. Queria me esticar mais por lá, mas deu pra fazer tudo o que queria. Ao menos o que havia programado. E foi muito bom. Porém, sempre tem aquele lugar aqui e ali pra gente ir conhecer. Assisti no teatro Oficina o espetáculo Os Sertões, seis horas de duração. Seis horas de êxtase. Achei o espetáculo maravilhoso, mas só pra quem tem muita pica. Digo pica mesmo, pois não é mole segurar seis horas de peça. Mas todo o elenco manda muito bem. Bem em todos os sentidos. Um show de verbo, poesia, música, picas, bucetas e bundas. É tudo assim misturado e se você não tomar cuidado segura o que não deve. Tomamos encoxadas deliciosas, é uma orgia visual e sensorial, mas tudo numa boa. O diretor, Zé Celso Martinez é iluminado.
Fui ao teatro Oficina com meu mais novo amigo, Luiz Felipe, que é um doido de pedra. Verborrágico. Inteligente. E que está gravando um CD muito chique no studio SP na Vila Madalena, produzido pelo Guga Stroeter. Será o próximo Rogério Skaylab... melhor até. Não sei se ele irá gostar da comparação.

Lá no Centro de Cidadania da Juventude, que rolou no sábado a Noite Literária, foi muito bom também. O lugar é lindo. O pessoal da organização são ótimos. Enfim... tudo cor de rosa. E ótimo poder estar um pouquinho com o Marcelino Freire e Andréa DelFuego. Tivemos um palco enorme com luzes e spots para lermos nossos textos. Dava vontade de se esparramar. Havia lançamento rolando na Mercearia São Pedro, mas já tinha programinha pra noite. Fui pra casa do Santiago Nazarian. E conheci o seu iguana, o Araki, que é bastante desconfiado, arredio. Ganhei um CD do Blondie de presente e conheci alguns de seus amigos. Fizemos uma concentração em sua casa ao som de músicas pra lá de kitsch. Fomos pro La Gruta, um inferninho bem underground onde rolava a festa do Jaca. Eu gosto de lugares assim, com mesas de sinuca pelo caminho. E lá tem duas enormes. Conheci o famoso Daniel Lucien... não sei escrever o resto, e digo que é um sujeito e tanto. Praticamente meu amigo de infância. Haha.

Enfim, Sampa estava quente. Tomei sol na Paulista enquanto perambulei um pouquinho para secar meus cabelos. O pouquinho suficiente pra encontrar uma amiga aqui do Rio, em frente ao Masp. De fato, o mundo é uma vila.

Apesar de andar de um canto ao outro, dia, noite e madrugada, não vi nada incinerado. Não vi ataques, explosões. Graças aos céus. São Paulo fez silêncio enquanto estive lá. Nada suspeito, nem mesmo um olhar. Nenhuma movimentação estranha, a não ser minha na pista de dança. Tudo tranqüilo, como se fosse ficção, exagero da televisão. Às vezes, nos desviamos das catástrofes.

“Noite de sonhos miraculosos, domingo, dia 16 de março. Ocorreu uma catástrofe nacional, o rádio deu a notícia bem cedo, madrugada cinzenta, chuvosa, um tumulto de proporções tão espantosas que se poderia até qualificar de revolução- causada pela “brutalidade policial” – ruas cobertas por ataduras – o povo tinha se revoltado contra a polícia – os sobreviventes estavam deitados em dependências anexas – locutores comunicavam tudo, com voz soturna e serena nos noticiosos radiofônicos matinais – já estava prevendo que isso ia acontecer quando me deitei na véspera – algo que modificaria os rumos da história, da América e do mundo”.

[O livro dos sonhos _ Jack Kerouac]


*That´s all folks*

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