quinta-feira, agosto 10, 2006

Enquanto espero por um bom fígado

“Qualé, cumpade? Porque você tá aí sozinho, hein? Estranho, perguntou. Eu? Não, não. Eu não tô aqui não. Na verdade fui abduzido por alienígenas reticulianos que queriam extrair o meu fígado por causa da falta de ferro na galáxia reticuliana. Eles cultivam essa prática há milênios e somos os principais abastecedores do planeta deles. Só que depois que eles abriram a minha barriga viram que tava tudo estragado lá dentro e então como castigo eu preciso achar um fígado bom pra que eles possam me libertar. Eu sou apenas um clone-híbrido-humano-alienígena-assassino-esquizofrênico, só tô aqui esperando por um fígado bom, sacô?

Ele ficou parado um tempão e olhou sério pro back que estava segurando. Acho que acreditou de certa forma de tão chapado que ficou mas o negócio é que eu estava mesmo parecendo um alienígena acinzentado, estava mesmo. Ele não disse mais nenhuma palavra. Acabei deixando a parada toda com ele porque não estava mais me agüentando e depois de fumar tudo até a última ponta o safado saiu sem ao menos dizer tchau, o Rambo filho da mãe. Estava triste demais pra qualquer coisa. Parecia que eu ia realmente terminar ali. Senti um desespero um desejo de quebrar alguma coisa de estragar algo bonito foi isso que senti mas estava chapado demais. Então só o que fiz foi dar mais um tempo ali naquele banquinho despingolado. Pensei em ligar pra casa e falar com alguém senti muita vontade de pedir desculpas por tudo até pelas coisas que eu não tinha feito do mesmo jeito que aquele garoto, o PH fez antes de se suicidar. Minha cabeça despencou pro lado e ficou apoiada na parede. Estava imóvel e tudo ao redor escurecia. Eu estava apagando desaparecendo novamente me lembrava do Axel e de como eu estava sufocando dentro de algum maldito vulcão. Desmaiei sentado naquele banquinho.

“Para onde me conduziu aquela corrida insana? Continuava a ignorá-lo. Depois de várias horas, sem dúvida quase sem forças, caí como uma massa inerte ao longo da parede e perdi qualquer sentimento de vida!”

Acordei com um sujeito que trabalhava lá dando tapas na minha cara. Ei, garoto. Acorda! Levanta! Eu acordei e continuava vivo. Fiquei triste porque tinha que continuar.... de alguma maneira. Estava esgotado.”


[trecho do livro “O habitante das falhas subterrâneas” _ ana paula maia]



*That´s all folks*

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