quinta-feira, outubro 11, 2007

Cinema é espetáculo. O Senado, picadeiro.

Quando o Super-Homem surgiu naquela malha azul ao som de uma música fantástica, todos os garotos queriam voar. Quando surgiu Guerra nas Estrelas, putz... Darth Vader, o vilão, praticamente um herói. Quem não queria um sabre de luz? Eu queria um robô, um sabre de luz, e usava as tranças parecidas com as da princesa Leia Organa. Colecionei álbum de figurinhas.
Quando aparecia um vampiro, quem não gostaria de cravar uma estaca em seu coração? E em O Exterminador do Futuro 2 (excelente seqüência), quem não repetiu "I´ll be back"? algumas vezes na vida.

Quantos filmes foram exibidos até hoje especulando a morte de Kennedy? Da Marilyn Monroe? Do Elvis?

E quando se lançou filmes como Sob o Domínio do Mal? Filme de 1962 (eu acho) que mostrou o Estado sendo manipulado, cheio de assassinos frios, num esquema mirabolante e crível?

Cinema é espetáculo. Por isso mesmo o que é dito ali, se torna maior. Tudo é muito maior numa tela. TUDO. E nós já entendemos isso. E gostamos.

O caso de Tropa de Elite, é uma demonstração que muitos ainda não entenderam. Todas as crianças sabem da violência. Muitas são assustadas. Temerosas. Crianças não devem assistir certos filmes, se assistem é porque os pais deixam. Os adolescentes são raças degeneradas. Eu fui assim. Depois passa. São os hormônios e às vezes falta de cacete dos pais. Mais apologia a violência? Que nada! Este Estado não disciplina. Ele esculhamba. Está em todo o lugar.

Precisamos de heróis. De algum com o MÍNIMO de dignidade, por isso o Capitão Nascimento se tornou um sujeito aclamado. É um anti-herói do povo. Tem atitude, não gosta de corrupção, tem firmeza em suas convicções, e faz seu trabalho da melhor maneira possível, zelando por sua pátria. Ele é herói? Não para mim. Ele não é meu herói, mas é um sujeito que cumpre seu dever, pelo qual é pago. E faz bem feito.
E só. O Capitão Nascimento e o Taxista que não rouba no taxímetro são sujeitos louváveis. A questão é: O povo trabalha muito, rala pra caramba, paga muitos impostos, porém, os poucos que podem, pagam por saúde privada, por educação privada, por segurança privada. É como viver na latrina.

Sabem que não podem confiar. Em ninguém. E quem trabalha horas a fio gostaria de ser respeitado, mas o sujeito NÃO É. Nunca. Ele é roubado, debochado. Ele morre na fila do hospital, ele come mal, ele tem educação medíocre, e precisa pagar. Pagar para não ter.

Ufa! Enfim... faz muito tempo escrevi o post abaixo. Em parte, vem a calhar. Eu disse: em parte.


101 most ...

* “Gregory Robert Smith tem 14 anos e tornou-se popular nos Estados Unidos por sua inteligência incomum. Com 1 anos e 2 meses resolvia problemas de álgebra. Aos 5 anos ensinava botânica aos colegas. Concluiu o ensino fundamental e médio em apenas 5 anos e, aos 13 anos de idade, formou-se na faculdade de Matemática, além de ter fundado uma instituição para cuidar de crianças pobres, o que lhe valeu duas indicações para o Nobel da Paz.”

(*Informações retiradas na íntegra do Caça-palavra da Coquetel nº132.)

Antes de continuar, devo confessar que cato os caça-palavras de minha avó depois que ela completa todos os jogos e guardo para mim essas revistinhas cheias de informações. Existem coisas como: Sabe o que fazia Zeca Pagodinho antes de se tornar celebridade? Era Apontador de Jogo do bicho. Essas informações inúteis são divertidas, mas aí leio algo como o gênio americano Gregory e penso: Puxa, ele seria um excelente apontador do jogo-do bicho aqui no Brasil. E talvez isso fosse tudo o que ele conseguisse ser. Nossos gênios andam acabrunhados, mas eu acredito neles.

Bem, só pode ser o hamburguer. Só pode. Uma composição adiposa e saturada nesses alimentos enlatados. Alguma coisa nas batatas-fritas também e na coca-cola. Sei lá, mas essas coisas acontecem toda hora com os nossos irmãos do norte. Eles fabricam astros, estrelas, prodígios e maravilhas. E vendem. Ah... sim... vendem muito bem qualquer coisa. Vendem suas almas também e isso nem sempre vale muito.

Às vezes assisto ao canal The E!, uma revista Caras eletrônica americana, e percebo que nossos irmãos lá de cima adoram vender seus escândalos também. E eles enumeram, separam por gênero: morte, alcoolismo, drogas ilícitas, adultério, prostituição. Grau de exploração nos tablóides, enfim...

E fica uma coisa assim: Assassinato de John Kennedy é o nosso “Crimes que chocaram o mundo” número 68. E dando seqüência, o caso Charles Mason que abalou o país é o nosso “Crimes que chocaram o mundo” número 67. E nossa contagem não pára por aqui. Logo saberemos qual é o “Crimes que chocaram o mundo” número 1.

E tudo isso narrado com uma voz animada de apresentador de talkshow. É, meu amigo, temos que aprender a ter esse bom humor com nossos irmãos. Estou ironizando, por favor. Ando sendo mal compreendida nos últimos tempos.

Isso me lembra bastante o filme “A montanha dos sete abutres” do grande Billy Wilder.

Putz, pegamos nossas tragédias, catalogamos, embalamos tudo com uma narração expressiva e um fundo musical inquietante. Pronto. Vendemos e celebramos.

Estamos aos pouquinhos caminhando para isso. Certamente nosso grau de loucura nos coloca abaixo de nossos irmãos, mas nossas tragédias enumeradas dariam bem mais de 101.

Mas um dos melhores é o “101 most starlicious makeovers” por que aqui vemos a transformação de 101 celebridades. Tem de tudo um pouco. As melhorias em geral são gritantes e o número 1 em transformação, aquele que segundo nossos irmãos, é o que tem sofrido um “extreme makeover” por décadas foi o nariz de Michel Jackson. Fizeram um edição quase especial mostrando apenas o nariz desde os Jackson Five e é assustador como ele foi mudando ao longo das décadas. Acredita-se que ele desaparecerá, restando apenas dois buraquinhos para a entrada e saída de oxigênio. Particularmente, acho que o MJ arrancará o nariz, tapará os buraquinhos e respirará pelas orelhas.

Bem, se o senhor Jackson conhecesse o garoto Gregory ficaria com água na boca. Ou talvez não, 14 anos, já está meio velhinho pra ele.

Bem, esse post tá meio confuso, mas porra, cadê nosso Gregory Robert Smith? Cadê nosso nariz transformado por décadas? Ah..... não vale a Glória Maria ou o Jackson Antunes. Garoto prodígio não vale o Ferrugem.... hahahaha. Sei lá.... precisamos produzir mais fast food, por que algo me diz que todo o segredo está lá..... enlatado. Me passem o abridor.


*That´s all folks*

7 comentários:

Diogo Costa disse...
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Diogo Costa disse...

É, venho refletido mais sobre os efeitos do filme. Fiquei um pouco "chocado" com esse lance de herói nacional. Adoro o filme e o defendo. O lance não é esse.

Não gosto é do efeito Star Wars das fardas vendidas para festas fantasias; até porque, tenho familiares policiais, amigos e colegas de universidade tenentes, e isso soa pra mim estranho. Eu entendo. É até um elogio para um grupo que é muito esculhambado. Aqui, p.ex., existia a figura do "P2" (é o PM que, em folha, recebia um plus pra "fazer" a segurança da casa oficial do Governador - no alto de Ondina -, e era usado para fraudar manifestações de partido que fazia oposição política). Aí a oposição ganhou as eleições, hahaha. Acabou a teta.

Há muitos "pombos-sujos" também na PM-BA; é o que pede "arrego" ao tráfico. Aqui tem famosos. Falo de pombo porque sei que Dimitri não gosta deles rs.

Não é fácil estampar numa camisa preta o brasão da PF, por exemplo. Hoje em dia então, até PM, nos editais, têm que estudar matérias jurídicas; que é algo inédito. O problema é que a polícia por si só não resolve; mas é necessária; e isso é outro assunto.

Fala-se muito: um capitão que tortura pode ser considerado herói?

Ele também não é o meu. Mas, de estórias que sei da minha família, de vivência, nenhum suspeito fala sem pressão; seja psicológica ou física. É balela ao se deparar com fora da lei e agir com doçura; ainda mais se esse baleou um colega e amigo; o ímpeto é forte, e até necessário; é o lance do soro: faz-se provar do mesmo veneno. Sei que esse caminho não há cura. Tem que ser forte pra não adoecer.

E o que comentou é verdade, até para o bem do nosso cinema, afinal, concorremos com desenho; simpsons (que adoro, enfim), 300 (de HQ) e etc. Camisa do filme Bope até compraria, mas FARDA?!, não compro não rs. Isso discordo; é um lance complicado pra mim. É um peso. Até por "respeito". rs


Abração Ana!

Diogo Costa.

Diogo Costa disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Diogo Costa disse...

E se existisse um cap. nascimento no Senado seria ótimo: "Então senta o dedo nessa porra"; senta o dedo e cassa.

E mais: a versão do cinema não tem tanta diferença, mas vale a pena assistir e identificar as sutilezas. Aqui, nas salas que fui, escuta-se muita risada; humor negro nas cenas do saco. rs. Foda. O povo gosta.

Aldo Jr. disse...

O Cap. Nascimento tinha que ser patenteado. Desde as falas às atitudes. Ele é um gênio... um herói brazuca, desequilibrado e honesto. Quer melhor que isso? Nem o Zé Carioca!

Torturas à parte, pois concordo com o Diogo (ninguém abre a boca por livre vontade), creio que deveriam produzir um boneco com farda do BOPE, boina e traços do Wagner Moura. Algo como Comandos em Ação Tupiniquim.

Imagina se estourasse em vendas!? Se falasse "põe na conta do Papa", "senta o dedo nessa porra"... se as crianças começassem a adotar o "Cap. Nascimento Lifestyle" ao brincar de "polícia e ladrão" na escola... acho que seria o começo do começo da mudança, né não!?

Mas é utópico..

ana paula maia disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
ana paula maia disse...

O povo gosta do Cap. Nascimento. O povo gosta do Charles Bronson e do Chuck Norris. O povo gosta de ver os "humilhados" sendo exaltados. O povo gostou de assistir ao Cristo de Mel Gibson. Não pelo sangue, mas pela exposição da dor. Aquilo foi explícito e me fez querer confessar pecados. Nos filmes americanos, que servem de modelos para nós, policiais sempre se estrepam. Charles Mason, lá, é cultuado, lembram-se? E é assassino em série. Lembram-se do filme: "Assassinos por natureza"? É incrível... mas precisamos saber usar o que temos. Criar heróis e vilões.