Aqui comigo.

Quando vou a um supermercado, gosto de passar na peixaria. Quando vou a feira, também. O cheiro é insuportável, mas ver os peixes mortos me desperta algum tipo de fascínio. Os peixes, mesmo mortos, brilham, os mesmos olhos arregalados quando em vida, e não há dilaceração aparente. Eu prendo a respiração e passeio atenta por todas as espécies expostas sobre o gelo picado. Eu gosto. Estranhamente... mas gosto disso.

Tirei esta foto. Ou melhor, um colega que estava comigo tirou pra mim. Não me lembro a espécie.



Ontem assisti uma reportagem sobre comidas exóticas. Existe uma estranha matança por trás disso. Sushi de carne de cavalo. Escorpiões vivos, no espeto, são fritos em gordura fervente. Cérebro de boi empanado. Miúdos de tartaruga. Depois fui tomar banho, pensando no sangue da tartaruga, que esfaqueada, foi derramado dentro de um copo e depois tomado com prazer. Esfregava os meus cabelos. E meus cabelos esfregados com xampu faz muita espuma. No chão... tudo branquinho. Até começar a jorrar um pouco de sangue dentre minhas pernas. O sangue foi pingando e se misturou a espuma branca e perfumada. Senti uma leve pontada de cólica. O cheiro do sangue intensificou-se, e não sentia mais o cheiro do xampu. Pensei na tartaruga e pensei em Edgar Wilson... nos parágrafos finais de A Guerra dos Bastardos.

"Grito novamente por ele e meus gritos ricocheteiam na imensa Cordilheira dos Andes que continua a desabar furiosa no oceano. Até que posso vê-lo caminhando sozinho e aceno sorrindo para que me veja. Não demora para me alcançar e vejo que seus rastros são demarcados com sangue, gelo e sangue é o que deixa quando passa."

Depois disso, suspirei, me enxaguei e terminei o banho.

***Tem uma matéria comigo no Jornal Vaia neste link AQUI!


*That´s all folks*