terça-feira, fevereiro 12, 2008

Em meu caderno de 60 folhas.

Desde muitos anos tenho um caderno grande de 60 folhas do He-Man and The Masters of the Universe.
Neste caderno há citações bíblicas e os primeiros rabiscos de histórias que escrevi e de outros que são apenas idéias. A desordem é incrível. A letra é esborrachada e às vezes fora da linha, mas ali tem muita coisa. Não há um raciocínio lógico nos rabiscos. Acho que muitos que escrevem têm um caderno deste tipo. Ele fica sempre pela casa. De fácil alcance. Como a literatura deveria ser para todos.

Por exemplo, neste caderno tem a conclusão de Barbudos Cretinos e suas histórias canalhas. Lembro-me que estava terminando este texto, quando o pátio do prédio entrou em obra. Um homem com um pequena britadeira quebrou muitos metros de concreto bem debaixo do meu nariz. Eu ficava enlouquecida com o barulho infernal e ria muito ao mesmo tempo: Em Barbudos Cretinos tem um personagem que é operador de britadeira. Chama-se Alandelon. Eu gritava dentro de casa: "Alandelon, desliga esse troço. Não consigo te terminar."

A ficção bateu à minha janela e invadiu meus sentidos.

Numa manhã de barulho insuportável, peguei meu caderno do He-man e fui pra Puc. Ao entrar... uau! A biblioteca imensa, silenciosa e refrigerada. Sentei-me na última cadeira. Me senti um pouco desconfortável. Mas logo me acostumei. Abri meu caderno e na ponta da caneta comecei a escrever o penúltimo capítulo da novela. É um capítulo em que eu precisava resolver algumas questões importantes da história. Com umas reviravoltas emocionais.

No topo do texto está escrito: Final cap. 6

Agora percebo, que eu estava escrevendo o final do capítulo seis, porém ele estava todo na cabeça. Eu não levei nada impresso. Há muitas rasuras.

Ao final está uma indicação para o último capítulo da novela.

Uma linha em ziguezague divide a página e logo abaixo está o título sugerido para o meu futuro próximo livro.

Escrever é inevitável, é compulsório. Para alguns, chega a ser compunção.



*That´s all folks*


4 comentários:

Léo Mariano disse...

oi Ana.

Não sou contra um computador, mas que uma caneta ajuda a idéia correr com mais livre, isso ajuda.

Eu não falo de textos literários, não. Eu falo de um texto simples. às vezes parece que o punho acompanha melhor a velocidade da cabeça.

abs

Álvaro Andrade disse...

eu escrevo muito no computadopr e já perdi boas coisas pelas panes da máquina.
escrever é um vício mesmo.
eu nem me preocupei muito com o que perdi, por que o que interessa é escrever. talvez mais do que o que está escrito.

Anônimo disse...

compunção ou compulsão?
:)

Ana Paula Maia disse...

compunção mesmo.

COMPUNÇÃO segundo o dicionário quer dizer: Pesar de haver cometido pecado ou má ação.

É uma palavra pouco usada.

Killing Travis é cultura.

:)