quinta-feira, abril 10, 2008

As feras não sabem chorar.

Faz tempo que quero falar aqui sobre uma escritora que não me lembro como tive a chance de conhecer. Não pessoalmente, mas da melhor maneira de se conhecer um escritor: pelo texto. Acho que recebi um email. Pode ter sido assim.

Bem, eu só li um conto, espero poder ler mais, e me lembro que murmurei assim: "Que punk!"

Que punk! é usado para coisas das quais gosto muito.

Ela se chama Márcia Bechara e publicou um livro pela editora 7 Letras chamado "Casa das feras."

Olha só que coisa este trecho:

"Quando eu nasci meu pai vomitou um chifre inteiro que crescia em seu estômago há mais de trinta anos. Nem o rugido amazônico, nem a violência do mato, nem o silêncio das feras acalmou a dor de minha mãe quando eu nasci, minha mãe que desfaleceu no parto, uma ema montada por um rinoceronte."

Aí, pelo texto afora aparecem coisas assim:

"Quando os homens foram embora, o silêncio das feras desabou sobre o jardim. Não sabemos chorar."

Ou assim...

"Sabemos, no entanto, que outras feras nascerão e que outras renascerão aqui dentro do jardim, para ocupar o lugar das que se foram. Mulheres e homens virão de fora encontrar aqui seu pasto e sua descendência."


E mais assim...

"Hoje temos aqui bestas de todas as nomenclaturas. Sem pai, sem lei, estamos livres. Facínoras, hominídeos, metade deuses, metade animais, feras de luxo, orgânicas, misturando mentira e verdade, em nosso jardim podemos tudo."



Fica a dica. Bacana, não?



That´s all folks*



2 comentários:

Anônimo disse...

hey, travis. touché! tô embasbacada até agora! obrigada, mesmo.

Ana Paula Maia disse...

Olá Márcia!
Continue soltando as feras.